Esse continente é o segundo menor em extensão territorial e o quarto mais populoso. Sob o ponto de vista geográfico, a Europa é uma grande península da massa continental euro-asiática (Eurásia). Tradicionalmente, a divisão entre dois continentes é considerada coincidente com os montes Urais, que dividem a Rússia de norte a sul, e com o rio Ural, que deságua no mar Cáspio. Ao sul, a divisão é assinalada convencionalmente pelas montanhas do Cáucaso e pelo mar Negro, incluindo os estreitos do Bósforo e o de Dardanelos. Com estes limites, possui uma área de 10 360 000 km², pouco maior que o Brasil e os Estados Unidos, por exemplo. O continente europeu está separado da África pelo mar Mediterrâneo e pelo estreito de Gibraltar. Muitas extensões da costa irregular do continente formam penínsulas, como a Jutlândia (Dinamarca), a Escandinávia, ao norte, e as penínsulas Ibérica, Itálica e Balcânica, ao sul.
A estrutura geológica da Europa é marcada pela elevação relativamente recente da cadeia alpina, que divide o continente de leste a oeste incluindo os Pireneus, os Alpes, os Apeninos, os Cárpatos, os Balcãs e o Cáucaso. O continente apresenta igualmente uma complexa rede hidrográfica, com grandes rios como o Volga, na Rússia, e o Danúbio, que atravessa territórios (ou delimita fronteirs) da Alemanha, Áustria, República Checa, Croácia, Hungria, Sérvia, Romênia, Bulgária e Ucrânia. Grande parte do continente são planícies férteis, que se estendem das costas do Atlântico até os Urais. Exceptuando as grandes áreas polares da Escandinávia e da Rússia, o clima é de modo geral temperado. Estas e outras características, tais como os litorais piscosos, rios numerosos e abundantes recursos naturais tornaram a Europa um grande produtor de alimentos, e possibilitaram a manutenção de uma numerosa população, que é actualmente da ordem dos 700 milhões de pessoas.
A Europa possui uma grande diversidade linguística: são faladas cerca de 60 línguas, quase todas da família indo-europeia (o basco, o húngaro, o finlandês e o estoniano são línguas oficiais que não caem nesta categoria). A religião predominante é o cristianismo, incluindo o Catolicismo Romano, o Protestantismo e a Igreja Ortodoxa. Os muçulmanos, maioritários em algumas regiões europeias, e os judeus são as duas minorias religiosas mais numerosas.
Descrição geral
Segundo a mitologia grega, Europa foi uma mulher muito bonita que despertou os amores de Zeus, deus-rei do Olimpo.
O continente europeu, que após a Época dos Descobrimentos começou a ser chamado Velho Mundo, estende-se quase inteiramente na zona temperada, acima de 35º de latitude norte, com apenas uma estreita faixa até o círculo polar Ártico. Devido ao seu litoral muito recortado, a influência oceânica é grande, e as temperaturas são geralmente amenas (não há extremos acentuados), com precipitações que oscilam entre 500 e 1 000 mm anuais. Alternam-se no seu relevo extensas planícies, maciços pré-cambrianos e paleozóicos.
A quase totalidade do continente inclui-se no mundo desenvolvido. A agricultura, mecanizada, emprega em média apenas 10% da população economicamente activa, enquanto que um terço desta se ocupa da indústria e a maior parte é absorvida pelo sector terciário. A União Europeia (UE), compreendendo 27 Estados-membros, é a maior e mais importante entidade política, económica e cultural do mundo. A UE é também a maior economia mundial com um PIB estimado em 12,82 trilhões de dólares ultrapassando largamente os Estados Unidos.
O litoral europeu é bastante recortado e apresenta cinco grandes penínsulas — Ibérica, Itálica, Balcânica, Escandinava e da Jutlândia — e várias ilhas e arquipélagos, entre os quais as Ilhas Britânicas, as Baleares, a Islândia, a Córsega, a Sicília, a ilha de Creta, os Açores e a Madeira.
A maior parte do território europeu é formada por planícies. Mais de metade da sua extensão está abaixo de 200 metros, e a altitude média é de 340 metros. O relevo montanhoso prevalece nas porções norte (onde se localizam os Alpes Escandinavos e as cadeias das Ilhas Britânicas) e sul (cortada pelos Pirinéus, Alpes, Cárpatos e Balcãs). No centro, uma vasta planície se estende, quase sem interrupção, dos Pirinéus aos montes Urais. O continente não abriga rios extensos: o maior deles, o Volga, tem cerca de 3,5 mil quilômetros.
Predomina o clima temperado, mas há variações determinadas pela latitude e pela influência do oceano e da massa continental asiática. O sul apresenta clima mediterrâneo e vegetação de arbustos. No centro e no leste, o clima é continental, tornando-se cada vez mais frio à medida que se avança para o interior. Essa faixa é ocupada por florestas temperadas e de coníferas. No noroeste prevalece o clima oceânico. O extremo norte tem clima polar e sua vegetação típica é a tundra. De acordo com o World Resources Institute, cerca de 40% das florestas do continente foram desmatadas. As maiores extensões de mata nativa são de coníferas e encontram-se na Suécia e na Finlândia.
A Europa tem 761 milhões de habitantes e é o único continente onde a população vem diminuindo. Segundo o Fundo de População das Nações Unidas (FNUAP), ela encolherá a uma taxa de 0,1% ao ano entre 2005 e 2010. O envelhecimento da população exige absorção de imigrantes, principalmente profissionais em tecnologia. Por outro lado, o crescimento do desemprego e o aumento da concorrência no mercado de trabalho vêm impondo obstáculos à entrada de mão-de-obra não qualificada.
A concentração populacional é alta no centro e no oeste e menor a norte e leste. Metade dos europeus vive em cidades pequenas, com até 5 mil habitantes. As grandes cidades, como Berlim, Londres, Madrid, Moscovo, Paris, Roma e São Petersburgo, concentram um quatro da população. A maioria dos habitantes fala idiomas do tronco indo-europeu, sendo as línguas mais difundidas as do ramo latino (francês, italiano, castelhano, romeno, português, catalão), germânico (alemão, inglês, neerlandês, norueguês, sueco, dinamarquês, islandês) e eslavo (russo, ucraniano, polaco, servo-croata, checo, búlgaro). Outros ramos indo-europeus com menos falantes são o ramo céltico (irlandês, galês, gaélico escocês), o ramo báltico (lituano, letão) e os idiomas albanês, grego e armênio, que constituem, com seus dialetos, ramos linguísticos próprios do tronco indo-europeu. Há também idiomas do tronco urálico, como o húngaro, o finlandês e o estoniano, além do georgiano, que pertence ao tronco caucasiano, do turco, que pertence ao tronco altaico e do basco, que não pertence a qualquer família linguística conhecida.
O cristianismo é a religião com o maior número de seguidores na Europa. No continente existe um número significativo de crentes tanto do catolicismo quanto do protestantismo e da Igreja Ortodoxa.
Sede da Revolução Industrial, a Europa foi o primeiro continente a modernizar sua economia. O parque industrial europeu é, até hoje, um dos mais avançados do mundo. A sua agropecuária utiliza intensivamente tecnologia de ponta, e o continente vem registrando progressiva expansão e modernização dos serviços. Persistem, entretanto, muitos contrastes de desenvolvimento entre os países ocidentais e as nações do leste, que fizeram parte do antigo bloco comunista e desde a década de 1990 buscam implantar a economia de mercado.
Na indústria europeia, destacam-se os setores automobilístico, têxtil, químico e de telecomunicações. A produção agropecuária é significativa, mas emprega pequena quantidade de mão-de-obra, por causa da utilização intensiva de máquinas e de técnicas avançadas de cultivo. Entre os principais produtos estão leite, carne bovina e suína, centeio, batata, aveia e trigo. Na mineração sobressai a extração de carvão e minério de ferro.
A Europa Ocidental concentra 90% do PIB do continente, mas os países do antigo bloco socialista, que aderiram à economia de mercado na década de 1990, têm crescido nos últimos anos. Maior pólo turístico do planeta, a Europa atrai anualmente 400 milhões de visitantes.
História
Pré-história
Começando no Neolítico, tem-se a civilização de Camunni no Val Camonica, Itália, que deixou mais de 350 000 petróglifos, o maior sítio arqueológico da Europa.
Também conhecido como Idade do Cobre, o Calcolítico europeu foi um tempo de mudanças e confusão. O fato mais relevante foi a infiltração e invasão de imensas partes do território por povos originários da Ásia Central, considerado pelos principais historiadores como sendo os originais indo-europeus, mas há ainda diversas teorias em debate. Outro fenômeno foi a expansão do Megalitismo e o aparecimento da primeira significante estratificação econômica e, relacionado a isso, as primeiras monarquias conhecidas da região dos Balcãs. A primeira civilização bem conhecida da Europa foi as do Minóicos da ilha de Creta e depois os Micenas em adjacentes partes da Grécia, no começo do 2° milênio a.C.
Embora o uso do ferro fosse de conhecimento dos povos egeus por volta de 1100 a.C., não chegou à Europa Central antes de 800 a.C., levando ao início da Cultura de Hallstatt, uma evolução da Idade do Ferro (que até então se encontrava na Cultura dos Campos de Urnas). Provavelmente como subproduto desta superioridade tecnológica, pouco depois os indo-europeus consolidam claramente suas posições na Itália e na Península Ibérica, penetrando profundamente naquelas penínsulas (Roma foi fundada em 753 a.C.).
Antiguidade Clássica
Os gregos e romanos deixaram um legado na Europa que é evidente nos pensamentos, leis, mentes e línguas atuais. A Grécia Antiga foi uma união de cidades-estado, na qual uma primitiva forma de democracia se desenvolveu. Atenas foi sua cidade mais poderosa e desenvolvida, e um berço de ensinamento nos tempos de Péricles. Fóruns de cidadãos aconteciam e o policiamento do estado deu ordem ao aparecimento dos mais notáveis filósofos clássicos, como Sócrates, Platão e Aristóteles. Como rei do Reino Grego da Macedônia, as campanhas militares de Alexandre o Grande espalharam a cultura Helenística e os ensinamentos até as nascentes do rio Indo.Idade Média
Quando o Imperador Constantino reconquistou Roma sob a bandeira da Cruz em 312, ele rapidamente editou o Édito de Milão em 313, declarando legal o cristianismo no Império Romano. Além disso, Constantino mudou oficialmente a capital do império, Roma, para a colônia grega de Bizâncio, que ele renomeou para Constantinopla ("Cidade de Constantino"). Em 395, Teodósio I, que tornou o cristianismo religião oficial do Império Romano, iria ser o último imperador a comandar o Império Romano em toda a sua unidade, sendo depois o império dividido em duas partes: O Império Romano do Ocidente, centrado em Ravenna, e o Império Romano do Oriente (depois referido como Império Bizantino) centrado em Constantinopla. A parte ocidental foi seguidamente atacada por tribos nômades germânicas, e em 476 finalmente caiu sob a invasão dos Hérulos comandados por Odoacro.
A autoridade romana no Oeste entrou em colapso e as províncias ocidentais logo tornaram-se pedaços de reinos germânicos. Entretanto, a cidade de Roma, sob o comando da Igreja Católica Romana permaneceu como um centro de ensino, e fez muito para preservar o pensamento clássico romano na Europa Ocidental. Nesse meio-tempo, o imperador romano em Constantinopla, Justiniano I, conseguiu com sucesso, montar toda a lei romana no Corpus Juris Civilis (529-534). Por todo o século VI, o Império Romano do Oriente esteve envolvido em uma série de conflitos sangrentos, primeiro contra o Império Persa dos Sassânidas, depois pelo Califado Islâmico (Dinastia Omíada). Em 650, as províncias do Egito, Palestina e Síria foram perdidas para forças muçulmanas.
Idade Moderna
Renascimento
O italiano Francesco Petrarca (Francesco di Petracco), suposto primeiro legítimo humanista, escreveu na década de 1330: "Estou vivo agora, ainda que eu prefira ter nascido em outro tempo". Ele era um entusiasta da antiguidade romana e grega. Nos séculos XV e XVI, o contínuo entusiasmo pela antiguidade clássica foi reforçado pela ideia de que a cultura herdada estava se dissipando e de que havia um conjunto de ideias e atitudes com que seria possível reconstruí-la. Matteo Palmieri escreveu em 1430: "Agora, com certeza, todo espírito pensante deve agradecer a Deus, porque a ele foi permitido nascer em uma nova era". O renascimento fez nascer uma nova era em que aprender era muito importante.
Importantes precedentes políticos aconteceram neste período. O político Nicolau Maquiavel escreveu "O Príncipe" que influenciou o posterior absolutismo e a política pragmática. Também foram importantes os diversos líderes que governaram estados e usaram a arte da Renascença como um sinal de seus poderes.
Reformas
Durante esse período, a corrupção da Igreja Católica levou a uma dura reação, na Reforma Protestante. E ela ganhou muitos seguidores, especialmente entre príncipes e reis buscando um estado forte para acabar com a influência da igreja católica. Figuras como Martinho Lutero começaram a surgir, assim também como João Calvino com o seu Calvinismo que teve influência em muitos países e o rei Henrique VIII da Inglaterra que rompeu com a igreja católica e fundou a Igreja Anglicana. Essas divisões religiosas trouxeram uma onda de guerras inspiradas e conduzidas religiosamente, mas também pela ambição dos monarcas na Europa Ocidental que se tornavam cada vez mais centralizadas e poderosas.A reforma protestante também levou a um forte movimento reformista na igreja católica chamado Contra-Reforma, que tinha como objetivo reduzir a corrupção, assim como aumentar e fortalecer o dogma católico. Um importante grupo da igreja católica que surgiu nessa época foram os Jesuítas, que ajudaram a manter a Europa Oriental na linha católica de pensamento. Mesmo assim, a igreja católica foi fortemente enfraquecida pela reforma e, grande parte do continente não estava mais sob sua influência e os reis nos países que continuaram no catolicismo começaram a anexar as terras da igreja para seus próprios domínios.
Outro desenvolvimento foi a ideia da superioridade europeia. O ideal de civilização foi baseado nos antigos gregos e romanos: disciplina, educação e viver em uma cidade eram requeridos para tornar o povo civilizado; europeus e não europeus eram julgados por sua civilidade. Serviços postais eram encontrados por todas as regiões, o que permitiu uma rede humanística de intelectuais interconectados pela Europa, mesmo com as divisões religiosas. Entretanto, a Igreja Católica Romana proibiu e baniu muitos trabalhos científicos promissores; isso trouxe uma vantagem aos países protestantes, onde o banimento de livros era organizado regionalmente. Francis Bacon e outros líderes da ciência tentaram criar uma unidade na Europa focando-se na unidade pela natureza. No século XV, com o fim da Idade Média, poderosos estados apareceram, construídos por novos monarcas, que centralizaram o poder na França, Inglaterra e Espanha. Por outro lado, o parlamento da Comunidade Polaco-Lituana ganhou poder, tirando os direitos legislativos do rei polonês. O poder do novo estado foi contestado por parlamentares em outros países, especialmente a Inglaterra. Novos tipos de estados surgiam com a cooperação entre governantes de terras, cidades, repúblicas de fazendas e guerreiros.